Willard Van Orman Quine, Professor Emeritus at Harvard University, has been described as the greatest living English-speaking philosopher. In this series, he takes part in an in-depth personal interview, and a penetrating analysis of his life's work in six panel discussions with some of today's leading philosophers. In discussions with some of today's leading philosophers. In discussions on his most important theses, Quine defends his views against the major criticisms—past and recent—to bring his position right up-to-date.
The Block Panel
Professor Ned Block is chairman of the philosophy department at the Massachusetts Institute of Technology. He specializes in philosophy of science, philosophy of mind and philosophy of psychology and his main area of current study concerns, he says, what we can learn about consciousness from neuropsychology. He has published widely in his fields, and has co-edited with Gerald Dworkin The IQ Controversy. He has written Imagery and edited two volumes of the Readings in Philosophy of Psychology.
In this program Professor Quine is questioned about his views on some of the major topics in philosophy of mind. His linguistic behaviorism is carefully examined and compared with programs in linguistics and neuroscience, and his gives his opinions on the field of cognitive science. The program concludes with Quine's views on the topics of mental causation and consciousness.
As fronteiras de um sistema (teórico) têm de enquadrar a experiência; o resto, com os seus elaborados mitos ou ficções, tem como objectivo a simplicidade das leis.
As questões ontológicas colocam-se em paridade com as questões da ciência natural. Por exemplo, a questão de tolerar classes como entidades, sancionar a quantificação de variáveis que tomam as classes como seus valores.
Carnap defendeu que esta era uma questão, não de factos, mas sim de escolha de uma forma conveniente de linguagem, de um esquema conceptual ou de enquadramento adequado para a ciência. Isto é aceitável, na condição de o mesmo se convier em relação às hipóteses científicas em geral.
Carnap compactuava com uma dualidade de cânones para as questões ontológicas e as hipóteses científicas, porque assumia a absoluta distinção entre o sintético e o analítico; Esta distinção, porém, Quine rejeita-a.
Carnap, Lewis e outros adoptam uma posição pragmática na questão da escolha entre formas de linguagem, enquadramentos científicos. Mas, o pragmatismo que perfilham desaparece na fronteira imaginária do analítico e do sintético. Ao repudiar tal fronteira, Quine opta por um pragmatismo mais completo.
A cada homem é dada uma herança científica e um embate contínuo de experiência de estímulos sensoriais; e as considerações que o guiam a torcer a sua herança científica são, quando racionais, pragmáticas.
Qualquer enunciado pode manter-se verdadeiro independentemente dos factos se efectuarmos os ajustamentos drásticos suficientes algures no corpo do sistema. Até uma proposição periférica pode ser defendida como verdadeira contra um experimento recalcitrante, invocando tratar-se de uma alucinação ou modificando algumas proposições dessa espécie que denominamos as leis lógicas. Reciprocamente, pela mesma espécie de procedimento, nenhum enunciado é imune a revisão. Como empirista, Quine concebe o esquema conceptual da ciência como um instrumento de prever a experiência futura à luz da experiência passada.
Os objectos físicos são conceptualmente importados para o quadro da ciência como intermediários apropriados não, por definição, em termos de experiência mas simplesmente como pressuposições irredutíveis, comparáveis epistemologicamente aos deuses de Homero.
No plano epistemológico, os objectos físicos e os deuses diferem só em grau, não em género. Eles são um meio para tratar e gerir uma estrutura no fluxo da experiência. A ciência é uma continuação do senso comum, e dá continuidade ao procedimento deste de avolumar a ontologia para simplificar a teoria.
Os objectos físicos, micro ou macroscópicos, não são os únicos postulados. Outro exemplo, são forças; segundo dizem, é obsoleta a fronteira entre a energia e a matéria. Também, as entidades abstractas que são a substância da matemática em ultima análise, classes e classes de classes, e assim por diante são outra pressuposição no mesmo espírito. Epistemologicamente, são mitos com o mesmo fundamento que os objectos físicos e os deuses, nem melhores nem piores excepto quanto a diferenças de grau com que apressam o nosso trato com a experiência sensorial.
§ 6º Empirismo sem dogmas
A totalidade do nosso saber ou crenças, desde a mais casuística factualidade da geografia e da história, às mais profundas leis da física atómica ou até a matemática pura e a lógica, são um artefacto humano que só colide com as arestas da experiência.
Ou, mudando de metáfora, a totalidade da ciência é como um campo de forças cujas condições de fronteira são a experiência. Um conflito periférico com a experiência ocasiona reajustamentos no interior do campo. Os valores de verdade têm de ser redistribuídos nalgumas das suas proposições. Reavaliação de algumas proposições acarreta reavaliação de outras, por causa das suas inter-conexões lógicas as leis lógicas sendo, por sua vez, simplesmente outras proposições do sistema, elementos ulteriores do campo do conhecimento.
Mas o corpo total do conhecimento é tão subdeterminado pelas suas condições de fronteira, a experiência, que há ampla latitude de escolha de quais as proposições a reavaliar à luz de qualquer experiência singular adversa. Nenhuma experiência particular está ligada com qualquer proposição particular no núcleo do campo do conhecimento, excepto de modo indirecto por considerações de equilíbrio afectando o campo como um todo.
A contra-sugestão de Quine, aliás na esteira da evolução do pensamento de Carnap, é a de que as proposições sobre o mundo exterior enfrentam o tribunal da experiência sensorial não individualmente mas apenas no corpus da teoria em que estão formulados.
O dogma do reducionismo, mesmo na sua forma atenuada, está estreitamente conexionado com o outro dogma o que afirma a clivagem entre o analítico e o sintético. Radicalmente, os dois dogmas são idênticos.
Já conviemos que em geral a verdade das proposições depende quer da linguagem quer da factualidade extra-linguística. Porém, a sugestão presente é a de que não faz sentido falar de uma componente linguística e factual na verdade de qualquer proposição individual. Tomada colectivamente, a ciência tem essa dupla dependência da linguagem e da experiência; mas esta dualidade não é figurável nas proposições da ciência, consideradas uma a uma.
A ideia de definir qualquer símbolo em uso foi, como vimos, um progresso sobre o empirismo termo-a-termo de Locke e Hume. A proposição, mais do que o termo, surgiu com Bentham e Frege, como a unidade portadora de significado. Mas, a proposição é ainda uma rede de significação de malha muito apertada. A unidade empírica de sentido é toda a ciência.
A linguagem que Carnap adoptou como ponto de partida na sua obra Aufbau não foi uma linguagem estrita de dados dos sentidos pois incluía também as notações da lógica até à mais elaborada teoria dos conjuntos. A ontologia nela implicada (isto é, o domínio de valores das suas variáveis) abrangia não só os acontecimentos sensíveis mas classes, classes de classes, etc. Contudo, o ponto de partida de Carnap é muito parcimonioso na sua componente sensível ou extra-lógica.
Ele foi o primeiro empirista que, não apenas afirmou a redutibilidade da ciência a termos de experiência imediata, como tentou seriamente levar a cabo essa redução. Sempre guiado pelo princípio de máxima economia, explicava os instantes-pontos no espaço-tempo, como quádruplos de números reais e buscava consignar qualidades sensíveis aos instantes-pontos em conformidade com certos cânones.
Contudo, Carnap parece não ter-se apercebido que o seu tratamento dos objectos físicos não chega a efectuar qualquer redução dos mesmos a dados dos sentidos. A proposições da forma qualidade q existe no instante-ponto x; y; z; t são, no seu modelo, consignados valores de verdade revisáveis de molde a maximizar ou minimizar certos aspectos globais do sistema teórico, o que realmente corresponde à prática da ciência. Mas, a partícula conectiva existe no é indefinida; e embora os cânones de Carnap orientem a sua introdução, não regulam a sua eliminação.
Mais tarde, Carnap abandonou esta noção de tradutibilidade das proposições acerca do mundo físico em proposições sobre a experiência imediata. Mas, o dogma do reducionismo, numa forma mais subtil, continua a pairar na doutrina do empirismo e a influenciar os seus seguidores. Persiste a suposição de que cada proposição, tomada isoladamente, admite confirmação ou infirmação por alguma sequência de eventos sensíveis.
§ 5º A teoria verificacionista e o reducionismo
No decurso destas reflexões vimos primeiro a noção de sentido (intensão), depois a noção de sinonímia cognitiva, e finalmente a noção de analíticidade. Mas que dizer da teoria verificacionista do sentido?
Desde Peirce que a literatura filosófica consagra que o sentido de uma proposição é o método de a confirmar ou infirmar. Uma proposição analítica é o caso limite em que a proposição se confirma em qualquer circunstância.
Como já insistimos no § 1º, podemos deixar de lado a questão do sentido como entidade intensionada, e avançar directo para o critério da semelhança, ou sinonímia, na caracterização do sentido.
Então, o que a teoria verificacionista do sentido diz é que as proposições são sinónimos se e só se elas são semelhantes no modo da sua confirmação ou infirmação empírica.
§ 5º A teoria verificacionista e o reducionismo
No decurso destas reflexões vimos primeiro a noção de sentido (intensão), depois a noção de sinonímia cognitiva, e finalmente a noção de analíticidade. Mas que dizer da teoria verificacionista do sentido?
Desde Peirce que a literatura filosófica consagra que o sentido de uma proposição é o método de a confirmar ou infirmar. Uma proposição analítica é o caso limite em que a proposição se confirma em qualquer circunstância.
Como já insistimos no § 1º, podemos deixar de lado a questão do sentido como entidade intensionada, e avançar directo para o critério da semelhança, ou sinonímia, na caracterização do sentido.
Então, o que a teoria verificacionista do sentido diz é que as proposições são sinónimos se e só se elas são semelhantes no modo da sua confirmação ou infirmação empírica.
Esta objecção diz Quine limita-se a replicar o procedimento de construção de uma linguagem artificial L que fosse desde logo dotada de um par ordenado cuja segunda componente seria a classe dos seus enunciados analíticos, o que é uma recorrência do que justamente se pretende explicar.
{Sobre esta parte da argumentação, Quine exagera [tacticamente? para, de seguida, condescender com uma conclusão surpreendente que fecha a sua argumentação?] e, diria, extravasa de um tema de linguagem artificial para uma questão de inteligência artificial! Com efeito, é bem natural que seja impossível a uma máquina programada aderir de modo implicado, intrínseco, a um conjunto de verdades primitivas que a constitua a si própria, de que dependa e que a envolva.
Mas, este não é seguramente o caso da inteligência viva e das linguagens naturais de comunicação com os seres vivos semelhantes. Porque, na biológica dependência do mundo exterior que o envolve, o homem não pode deixar de afirmar a verdade semântica que o constitui e condiciona, e tal condição é uma incontornável premissa primitiva da interrogatividade da linguagem sobre o mundo, o qual contem o homem (sem dele depender).}
Quine esboça recuar nesta fase táctica da sua argumentação, e concede que a verdade em geral depende quer da linguagem quer da factualidade extra-linguística. E, assim, argumenta, pode ser-se tentado a supor que a verdade de uma proposição é de algum modo analisável numa componente linguística e uma componente factual.
Nesta suposição, pode, de seguida, parecer razoável que nalgumas proposições a componente factual seja nula; e estas seriam as proposições analíticas. Mas, continua Quine por muita razoabilidade apriorística que lhe assista, está por traçar a fronteira entre as proposições analíticas e sintéticas.
Que haja de todo uma tal distinção é um dogma não-empírico dos empiristas, um artigo de fé metafísica.
Segundo Quine, neste procedimento não há realmente progresso porque a inexplicada palavra analítico apela agora para a inexplicada frase regra semântica. Aparentemente, as regras semânticas só se distinguem pelo facto de aparecerem numa página encabeçada pelo título Regras Semânticas.
Quine aproxima este procedimento ao da selecção de postulados. Qualquer selecção de proposições pode constituir um conjunto de postulados quanto qualquer outra. O termo postulado só tem significado em relação com um processo de investigação. Neste, escolhemos um conjunto de proposições como postulados só na medida em que nos pareçam apropriados a alcançar através de uma série de transformações outras proposições que prendem a nossa atenção.
A noção de regra semântica é tão sensível e significativa quanto a de postulado. E, deste ponto de vista, nenhuma subclasse de verdades em L é intrinsecamente mais regra de semântica do que qualquer outra.
Quine rejeita ainda a objecção de que uma linguagem artificial L (ao contrário de uma natural) é uma linguagem no sentido ordinário mais um conjunto explícito de regras semânticas, o todo constituindo, digamos, um par ordenado; e que as regras semânticas de L são então simplesmente especificáveis como a segunda componente de L.
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