Biography: Charles S. Peirce
American scientist, logician, and philosopher, considered to be the founder of pragmatism
and the father of modern semiotics. In recent decades, his thought has enjoyed renewed
appreciation. At present, he is widely regarded as an innovator in many fields,
especially the methodology of research and the philosophy of science.
Eis as duas obras sobre o pensamento
de Charles Sanders Peirce, do
Prof. A. Machuco Rosa
Autor/organizador Peirce, Charles Sanders
Título Antologia Filosófica
Editora Imprensa Nacional-Casa da Moeda
Colecção Estudos Gerais - Série Universitária - Clássicos da Filosofia
Edição Ano 1998
Localidade Lisboa
Prefácio António Machuco Rosa
Notas António Machuco Rosa
Tradução António Machuco Rosa
ISBN 9722709070
Descrição 329 pp.
AUTOR(ES): ROSA, ANTONIO MACHUCO
EDITORA: FUNDACAO CALOUSTE GULBENKIAN
ASSUNTO: CIÊNCIAS
ISBN: 9723110261
EDIÇÃO: 1
NÚMERO DE PÁGINAS: 385
O homem individual,
enquanto a sua existência separada se manifesta apenas
pela ignorância e pelo erro,
e tanto quanto ele é apenas algo separado dos seus semelhantes,
e ainda separado daquilo que ele e eles estão destinado a ser,
é apenas uma negação.
Este é um homem,
… orgulhoso homem,
Muito ignorante do que nele é mais certo
A sua essência de vidro.»
(C. S. Peirce, Op. cit., p. 56-58)
É difícil ao homem perceber isto porque ele persiste em identificar-se a si próprio com a sua vontade, o seu poder sobre o organismo animal, a sua força bruta. Ora o organismo é apenas um instrumento do pensamento. Já a identidade de um homem consiste na consistência do que ele faz e pensa, e a consistência é o carácter intelectual de uma coisa, é o seu exprimir alguma coisa.
É que a palavra ou signo que o homem usa é o próprio homem. Porque o facto de cada pensamento ser um signo, tomado em conjunto com o facto de a vida ser um fluxo de pensamento, prova que o homem é um signo; portanto, se cada pensamento é um signo externo, prova-se que o homem é um signo externo. Quer dizer, o homem e o signo externo são idênticos ( ) Assim, a minha linguagem é a soma total de mim próprio; pois o homem é o pensamento.
De facto, o homem e a palavra educam-se um ao outro; cada aumento da informação de um homem envolve e é envolvido por um aumento correspondente da informação de uma palavra. Sem fatigar ( ) é suficiente dizer que não há elemento, seja ele qual for, da consciência do homem que não tenha algo que lhe corresponda na palavra; e a razão é óbvia.
Mais uma vez, a consciência é por vezes usada para significar o Eu penso, ou unidade no pensamento. Mas a unidade não é nada senão consistência ou o reconhecimento da consistência. A consistência pertence a cada signo na medida em que ele é um signo; e portanto cada signo, visto ele significar primeiramente que é um signo, significa a sua própria consistência.
O signo-homem adquire informação e acaba por significar mais do que significava inicialmente. Mas também as palavras o fazem. ( ) O homem faz a palavra e a palavra não significa nada que o homem não a tenha feito significar ( ) Mas uma vez que os homens apenas podem pensar por meio de palavras ou de outros símbolos externos, estes podem, por sua vez, retorquir: «Vocês não significam nada nós não vos tenhamos ensinado, e isso apenas na medida em que enunciam uma palavra que é o interpretante do vosso pensamento.»
Pode dizer-se que o homem tem consciência, enquanto a palavra não a possui. Mas consciência é um termo muito vago. Pode significar aquela emoção acompanhando a reflexão de que temos uma vida animal.
Esta é uma consciência que se torna ténue quando a vida animal avança para a sua decadência ou adormece, mas que já não o é quando a vida espiritual está no seu ocaso; que é mais viva quanto mais animal um homem é, mas que já não o é quanto mais homem o homem é.
Não atribuímos esta sensação às palavras porque temos razões para acreditar que ela depende da posse de um corpo animal. Mas, sendo essa consciência uma mera sensação, ela é apenas parte da qualidade material do signo-homem.
O que distingue um homem de uma palavra? Há sem dúvida uma distinção. As qualidades materiais, as forças que constituem a aplicação puramente denotativa e o significado do signo humano excedem a complexidade das palavras. Mas estas diferenças são apenas relativas. Que outras há?
«Sendo esta a natureza da realidade em geral, em que é que consiste a realidade da mente? Vimos que o conteúdo da consciência, a totalidade da manifestação fenomenal da mente, é um signo resultante de inferência.
De acordo com o princípio segundo o qual o absolutamente incognoscível não existe, donde a manifestação fenomenal de uma substância ser a substância, devemos concluir que a mente é um signo que se desenvolve de acordo com leis de inferência.»
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