Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2003
Fiódor Dostoiévski
«Deixem-nos sós, sem livros, e ficaremos perdidos, abandonados, não saberemos a que nos agarrar, o que seguir; que amar, que odiar, que respeitar, que desprezar? Mesmo sermos homens nos pesa - homens com um corpo real, nosso, com sangue; temos vergonha disso, tomamo-lo por uma nódoa e procuramos ser uma espécie de homens globais fantasmáticos. Somos todos nado-mortos, desde há muito tempo, e os pais que nos engendram, são também mortos, e tudo isso nos agrada cada vez mais. Tomamos-lhe o gosto. Em breve inventaremos o meio de nascermos de uma ideia. Mas basta; não me apetece mais escrever «do fundo do subterrâneo»...»
Domingo, 30 de Novembro de 2003
Fiódor Dostoiévski
«Ouvi dizer que me desprezavas por ter mudado de ideias. Mas o que é que eu abandonei? Inimigos da vida verdadeira, pequenos liberais retrógrados, que têm medo da própria independência; lacaios do pensamento, propagandistas decrépitos da podridão da morte. Que é que há neles? A senilidade, a mediocridade mesquinha e vil, a igualdade invejosa, uma igualdade sem dignidade pessoal, ( )»