Vejamos agora alguns argumentos a favor do realismo platónico. O argumento semântico sustenta que qualquer predicado monádico ou termo geral dotado de significado tem de ser associado com um universal monádico como seu correlato extra-linguísitco. Ora, há predicados monádicos dotados de significado que não são verdadeiros de nada ou têm extensões nulas; p.e., unicórnio. Logo, há universais monádicos não-exemplificados.
O argumento é importante porque numa frase bem formada, p.e., Sócrates │é sábio o predicado monádico simples do termo singular (sujeito Sócrates) tem de estar associado a algo fora da linguagem: o correlato extra-linguístico é necessário para que a frase seja verdadeira ou falsa. A pessoa Sócrates não é simplesmente nomeada: é também descrita pelo universal Sabedoria, que é o seu correlato extra-linguístico.
Igualmente no caso de predicados diádicos, algo tem de ser nomeado pelo verbo; p.e., Platão admira Sócrates, o verbo nomeia a <relação de admirar>: a frase é verdadeira se os indivíduos nomeados estiverem naquela relação e naquela ordem do acto de admirar.
Há quem dispute a premissa maior do argumento semântico, invocando que nem todos os termos gerais ou predicados monádicos têm de ter um universal como seu correlato extra-linguístico, tal como também sucede com os termos singulares que podem não nomear o que quer que seja. Porém, se é verdade que a cada palavra não corresponde forçosamente uma coisa [por ela nomeada] o actual rei de França do exemplo de Russell já é discutível que não tenha de haver correlatos extra-linguísticos para predicados.
----> Exibir-se-á rebuscadamente um contra-exemplo à premissa na proposição do tipo Sócrates é idêntico a si mesmo, cujo predicado não seria um universal. Mas, justamente, sendo qualquer particular concreto um tropo de propriedades, a identidade afirma-se pelo correlato que se predica.
Os meus links