Esta objecção diz Quine limita-se a replicar o procedimento de construção de uma linguagem artificial L que fosse desde logo dotada de um par ordenado cuja segunda componente seria a classe dos seus enunciados analíticos, o que é uma recorrência do que justamente se pretende explicar.
{Sobre esta parte da argumentação, Quine exagera [tacticamente? para, de seguida, condescender com uma conclusão surpreendente que fecha a sua argumentação?] e, diria, extravasa de um tema de linguagem artificial para uma questão de inteligência artificial! Com efeito, é bem natural que seja impossível a uma máquina programada aderir de modo implicado, intrínseco, a um conjunto de verdades primitivas que a constitua a si própria, de que dependa e que a envolva.
Mas, este não é seguramente o caso da inteligência viva e das linguagens naturais de comunicação com os seres vivos semelhantes. Porque, na biológica dependência do mundo exterior que o envolve, o homem não pode deixar de afirmar a verdade semântica que o constitui e condiciona, e tal condição é uma incontornável premissa primitiva da interrogatividade da linguagem sobre o mundo, o qual contem o homem (sem dele depender).}
Quine esboça recuar nesta fase táctica da sua argumentação, e concede que a verdade em geral depende quer da linguagem quer da factualidade extra-linguística. E, assim, argumenta, pode ser-se tentado a supor que a verdade de uma proposição é de algum modo analisável numa componente linguística e uma componente factual.
Nesta suposição, pode, de seguida, parecer razoável que nalgumas proposições a componente factual seja nula; e estas seriam as proposições analíticas. Mas, continua Quine por muita razoabilidade apriorística que lhe assista, está por traçar a fronteira entre as proposições analíticas e sintéticas.
Que haja de todo uma tal distinção é um dogma não-empírico dos empiristas, um artigo de fé metafísica.
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