O que distingue um homem de uma palavra? Há sem dúvida uma distinção. As qualidades materiais, as forças que constituem a aplicação puramente denotativa e o significado do signo humano excedem a complexidade das palavras. Mas estas diferenças são apenas relativas. Que outras há?
«Sendo esta a natureza da realidade em geral, em que é que consiste a realidade da mente? Vimos que o conteúdo da consciência, a totalidade da manifestação fenomenal da mente, é um signo resultante de inferência.
De acordo com o princípio segundo o qual o absolutamente incognoscível não existe, donde a manifestação fenomenal de uma substância ser a substância, devemos concluir que a mente é um signo que se desenvolve de acordo com leis de inferência.»
O grande argumento do nominalismo é que não há homem nenhum a menos que haja algum homem particular. No entanto, isso não afecta o realismo de Escoto; porque embora não haja qualquer homem do qual toda a determinação ulterior possa ser negada, há no entanto um homem, abstracção feita de toda a determinação ulterior. Há uma diferença real entre homem independentemente do que possam ser as outras determinações e homem com esta ou aquela série particular de determinações, embora essa diferença seja sem dúvida apenas relativamente à mente e não in re.
É essa a posição de Escoto. A grande objecção de Occam consiste em não poder haver distinção real que não seja in re, na coisa-em-si; mas isso passa ao lado da questão, pois é ela própria apenas baseada na noção de que a realidade é qualquer coisa independente da relação representativa. [Nota 36 — Esta posição de Peirce, de 1868, —pela qual o realista é aquele que não admite qualquer realidade exterior ao espírito — é bastante diferente daquilo que mais tarde, Peirce qualificará como sendo a do «verdadeiro realista».]»
(C. S. Peirce, Op. cit., p. 56)
O nominalista tem de admitir que homem é aplicável, de forma verdadeira a alguma coisa; mas ele acredita que subjacente a isso existe uma coisa em si, uma realidade incognoscível. A ficção metafísica é dele. Os nominalistas modernos são na sua maioria homens superficiais, que não sabem, como os mais profundos Roscellinus e Occam sabiam, que uma realidade que não tem representação é uma realidade que não tem relação nem qualidade.
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