«Nós estamos em qualquer momento na posse de certas informações, isto é, de cognições que foram logicamente derivadas por induções e hipóteses de cognições prévias que são menos gerais, menos distintas e das quais temos um consciência menos vivas. Estas, por sua vez, foram derivadas de outras ainda menos gerais, menos distintas e menos vívidas; e assim recuando sucessivamente até ao primeiro ponto ideal *, o qual é totalmente singular e totalmente fora da consciência.
[* entenda-se como o limite que o possível não consegue atingir]
«Chegamos agora à consideração do último dos quatro princípios cujas consequências nos propusemos tratar; a saber, o princípio segundo o qual o absolutamente incognoscível é absolutamente inconcebível.
Desde há muito tempo que as pessoas mais competentes se devem ter convencido que, segundo os princípios cartesianos, as realidades intrínsecas das coisas nunca podem ser conhecidas no pormenor.
Daí o surgimento do idealismo, que é essencialmente anti-cartesiano, em todas as suas orientações, quer entre os empiristas (Berkeley, Hume), quer entre os noologistas (Hegel, Fitchte).
O princípio agora trazido à discussão é directamente idealista; de facto, uma vez que o significado de uma palavra é a concepção que ela veicula, o absolutamente incognoscível não tem significado porque nenhuma concepção lhe está ligada.
É, por isso, uma palavra sem sentido; portanto, seja o que for que seja significado por um termo como «o real» ele é cognoscível em certo grau, e por isso é da natureza de uma cognição (no sentido objectivo deste termo).»
(C. S. Peirce, Op. cit., p. 54)
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