«A sensação e o poder de abstracção ou atenção podem ser vistos, num certo sentido, como os únicos constituintes de todo o pensamento. ( ) Através da força da atenção, é colocada ênfase num dos elementos objectivos da consciência. Esta ênfase não é, portanto, ela própria um objecto da consciência imediata; sob esse aspecto ela difere inteiramente de um sentimento. Logo, uma vez que apesar de tudo, a ênfase consiste num efeito sobre a consciência, ela só pode existir na medida em que afecta o nosso conhecimento; e uma vez que um acto não pode ser suposto determinar aquilo que o precede no tempo, esse acto só pode consistir na capacidade que a cognição enfatizada tem em produzir um efeito sobre a memória, ou de qualquer outro modo influenciar o pensamento subsequente. Isto é confirmado pelo facto de a atenção ser uma espécie de quantidade contínua; e a quantidade contínua, tanto quanto sabemos, reduz-se a si própria, em última análise ao tempo.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 48)
Não obtemos o conceito de ser, no sentido implicado na cópula, observando que todas as coisas sobre as quais podemos pensar têm qualquer coisa em comum, uma vez que não existe tal coisa para ser observada.
Obtemo-lo reflectindo sobre signos - palavras ou pensamentos; observamos que diferentes predicados podem ser ligados ao mesmo sujeito, e que cada um torna um conceito aplicável ao objecto; imaginamos depois que alguma coisa é verdadeira acerca do sujeito apenas porque este tem um predicado (não importa qual) que lhe está ligado - e a isso chamamos ser.
O conceito de ser é, portanto, um conceito acerca de um signo - acerca de um pensamento ou acerca de uma palavra; e uma vez que não é aplicado a todos os signos ele não é primariamente universal, embora o seja na sua aplicação mediata às coisas;
é portanto possível definir o conceito de ser; pode ser definido, por exemplo, como aquilo que é comum aos objectos incluídos em qualquer classe, ou ainda como aquilo que é comum aos objectos não incluídos na mesma classe.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 47)
«As sensações propriamente ditas e as emoções distinguem-se do sentimento de um pensamento porque a qualidade material é nelas proeminente e o pensamento não tem qualquer relação de razão com os pensamentos que o determinam; essa relação já existe nestes últimos, fazendo diminuir a atenção dada ao mero sentimento.
Quando digo não haver qualquer relação de razão com os pensamentos que o determinam quero dizer que não há nada no conteúdo do pensamento que explique por que é que ele deva surgir apenas por ocasião desses pensamentos determinantes.
Se há uma tal relação de razão, se o pensamento é essencialmente limitado na sua aplicação a esses objectos, então o pensamento compreende um outro pensamento que não ele próprio.
Um pensamento não complexo pode, portanto, ser apenas uma sensação ou emoção, não possuindo carácter racional.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 47)
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