ESPELHO
Poderei recuperar o corpo
caído no fundo da água
por momentos? Juncos e lodo
e um diadema de luz cobrem-me.
Bolhas que o ar liberta. Na imagem
a figura debruçada esquece.
Somente quem apague a memória
liberta as suas imagens
para a não-existência imediata.
(fiama hasse pais brandão)
No caso de uma sensação, a multiplicidade de impressões que a precedem e determinam não é de uma natureza tal que o movimento corporal que lhe corresponda proceda de algum gânglio ou do cérebro, e talvez por essa razão a sensação não produz grande comoção no organismo corporal;
a sensação ela própria não é um pensamento que tenha uma influência muito forte sobre o fluxo de pensamento excepto em virtude da informação que ela possa fornecer.
Uma emoção, por outro lado, vem muito mais tarde no desenvolvimento do pensamento — quer dizer, vem depois do primeiro começo da cognição do seu objecto — e os pensamentos que a determinam já têm emoções que lhes correspondem no cérebro ou no gânglio principal; consequentemente, ela produz fortes movimentos no corpo e, independentemente do seu valor representativo, afecta fortemente o fluxo do pensamento.
Os movimentos animais a que aludo são, em primeiro lugar, e obviamente, corar, pestanejar, fitar, sorrir, franzir a testa, amuar, rir, gemer, soluçar, agitar-se, vacilar, tremer, ficar petrificado, suspirar, fungar, encolher os ombros, rugir, abatimento, trepidação, temer, etc. A estes podem talvez juntar-se, em segundo lugar, outras acções mais complicadas que, no entanto, brotam de um impulso directo e não de deliberação.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 46)
«Contudo, parece haver uma diferença entre emoção e sensação»
Há razões para pensar que, correspondendo a cada sentimento dentro de nós,
um movimento tem lugar nos nossos corpos.
Esta propriedade do signo-pensamento, uma vez que não depende racionalmente do significado do signo, pode ser comparada com aquilo a que chamei a qualidade material do signo; mas difere desta na medida em que não é estritamente necessário que ela seja sentida para que haja um signo-pensamento.
( ) É verdade que há diferenças entre uma emoção e uma hipótese intelectual:
no caso da última, temos razões para dizer que o predicado complexo é verdadeiro
a propósito de tudo aquilo a que o predicado hipotético simples se possa aplicar;
enquanto no caso de uma emoção isso é uma afirmação de que nenhuma razão pode ser dada,
sendo meramente determinada pela nossa constituição emocional
Mas isto corresponde precisamente à diferença entre
uma hipótese e o raciocínio de definição para definitum,
pelo que resulta que uma emoção não é senão uma sensação.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 46)
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