Domingo, 26 de Novembro de 2006
Peirce # 23
"Uma sensação não é necessariamente uma intuição ou primeira impressão dos sentidos." (continuação)
«Portanto, a classe de inferências hipotéticas a que a origem de uma sensação se assemelha é a classe de raciocínios que procede de definição para definição,
e na qual a premissa maior é de natureza arbitrária..
É apenas neste modo de raciocínio
que a premissa maior é determinada pelas convenções da linguagem
e exprime a ocasião em que uma palavra deve ser usada;
na formação de uma sensação ela é determinada
pela constituição da nossa natureza
e exprime as ocasiões em que a sensação, ou signo natural mental,
surge.
Portanto, a sensação, enquanto representa alguma coisa,
é determinada, de acordo com uma lei lógica,
por cognições prévias;
ou seja,
essas cognições determinam que haverá uma sensação.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 44)
Domingo, 19 de Novembro de 2006
Peirce # 22
"Uma sensação não é necessariamente uma intuição ou primeira impressão dos sentidos.”
Vejamos o caso do sentimento do belo.
«Quando o sentimento do belo é determinado por cognições prévias ele surge sempre como um predicado. Sempre que uma sensação surge assim em consequência de outras, a indução mostra que essas outras sensações são mais ou menos complexas. ( )
A sensação de beleza surge a partir de uma multiplicidade de outras impressões. E poder-se-á constatar que isso se verifica em todos os casos. [De resto], todas as sensações são em si próprias simples, ou pelo menos mais simples que as sensações que as originaram.
Portanto, uma sensação é um predicado simples, que toma o lugar de um predicado complexo; por outras palavras, desempenha a função de uma hipótese. Mas o princípio geral segundo o qual aquilo a que esta ou aquela sensação pertence, tem esta ou aquela série de predicados, não é ( ) determinado pela razão: ele é de natureza arbitrária.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 44)
Sexta-feira, 17 de Novembro de 2006
Peirce # 21
Nota:- Nas páginas 44 a 54, ainda no âmbito da 3ª incapacidade - «Nenhum poder de pensar sem signos» - Peirce discorre e demonstra uma variedade de teses, que não consigo ainda encadear com os seus «três elementos do pensamento», mas são belas, e com certeza se relacionam com as suas categorias do pensamento. Mostrarei assim a sua vivaz deambulação.
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Everybody needs to be found
Quarta-feira, 15 de Novembro de 2006
Peirce # 20
«Portanto, nós temos no pensamento três elementos: primeiro. A função representativa que faz do pensamento uma representação; segundo. A aplicação puramente denotativa, ou conexão real, que põe um pensamento em relação com outro; terceiro. A qualidade material, ou como ele é sentido, que dá ao pensamento a sua qualidade.»
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 43-4)
Segunda-feira, 13 de Novembro de 2006
Peirce # 19
De resto, nenhum pensamento presente e actual tem qualquer significado, qualquer valor intelectual. Este não repousa no que é actualmente pensado, mas naquilo a que, na representação, esse pensamento possa ser ligado através dos pensamentos subsequentes. «Não há cognição ou representação em nenhum instante particular de [um] estado mental, mas ela já existe na relação dos ( ) estados mentais em instantes diferentes.»
Em resumo, o imediato — o inalisável, o inexplicável, o inintelectual — flui num fluxo contínuo ao longo da vida; é a soma total da consciência, cuja mediação, que é a sua continuidade, é possível ( )
(Charles Sanders Peirce, Op. cit., p. 42-3)
Sexta-feira, 10 de Novembro de 2006
Peirce # 18
Mas, «qualquer coisa totalmente incomparável com qualquer outra é completamente inexplicável, pois uma explicação consiste em colocar as coisas sob leis gerais ou sob classes naturais». Por isso, «qualquer pensamento, enquanto é um sentimento de um tipo peculiar, não é mais que um facto último e inexplicável.»
Mas, nós não devemos permitir que os factos permaneçam inexplicáveis. Em rigor, nós nunca podemos pensar «isto está-me presente», dado que, antes de termos tempo de tal reflectir, já a sensação terá passado. Mas, enquanto algo presente, os sentimentos são todos iguais, não requerem explicação, contêm apenas o que é universal. Não caímos na contradição de tornar o mediato imediatisável.
Sábado, 4 de Novembro de 2006
Peirce # 17
Em si mesmos, porém, «nenhum pensamento e nenhum sentimento contêm quaisquer outros; são simples e não analisáveis». Qualquer pensamento, enquanto imediatamente presente, é uma mera sensação sem partes. Em si mesmo, não tem qualquer semelhança com qualquer outro, antes sendo incomparável.