Sábado, 26 de Agosto de 2006
Peirce # 9
«Todo o raciocínio válido tem, por conseguinte, uma forma geral; e ao procurar reduzir toda a acção mental à fórmula de inferência válida procuramos reduzi-la a um tipo único.»
Diz Machuco Rosa: «Dedução, indução e hipótese podem ser reduzidas a um tipo geral, aquele que é exibido directamente pelo princípio de substituição. A totalidade da acção mental ser-lhe-á então também redutível. Cada «posição da mente» será uma representação, sendo as relações lógicas que governam essas representações — essencialmente apenas uma, como se viu — que determinarão o processo do pensamento.» (n. 17)
Quarta-feira, 23 de Agosto de 2006
Peirce # 8
Em síntese,
Mudança de sujeito: conclusão: S é P,
premissa 1: M é P —> premissa 2: Todo o S é P.
Mudança de predicado: conclusão: S é P,
premissa 1: S é M —> premissa 2: Todo o M é P.
Em qualquer destes dois casos, seja a mudança no sujeito ou no predicado,
o silogismo formula-se na expressão final:
premissa 1: (Todo o) S é M;
premissa 2: (Todo o) M é P;
Logo, S é P.
Por último, no caso de a conclusão diferir das suas premissas quer no sujeito quer no predicado, o argumento deve enunciar-se de modo a que
premissas e conclusão tenham um termo comum:
premissa 1: <O estado de coisas representado em P é real>;
conclusão: <O estado de coisas representado em C é real.>.
Nesta situação, a outra premissa deve sustentar
que <todo o estado de coisas representado por C
é o estado de coisas representado por P.>
Terça-feira, 15 de Agosto de 2006
Peirce # 7
Por fim, há argumentos a partir da analogia que deriva a sua validade da «combinação das características da indução e da hipótese — um raciocínio de ‘particulares a particulares’ — que pode analisar-se «ou na combinação da dedução e da indução, ou então na combinação da dedução e da hipótese».
Embora a inferência válida tenha três espécies essencialmente diferentes — raciocínio dedutivo, indutivo ou hipotético — ele pertence a um género.
«Vimos que qualquer conclusão válida pode obter-se por sucessões de argumentos possuindo cada um duas premissas e não tendo implícitos factos não asseridos. Qualquer destas premissas é uma proposição afirmando que certos objectos têm certos caracteres. Cada termo dessas proposições representa ou certos objectos ou certos caracteres. A conclusão pode ser vista como uma proposição que substitui qualquer das premissas, sendo a substituição justificada pelo facto enunciado na outra premissa. A conclusão é portanto derivada de qualquer das premissas pela substituição quer do sujeito da premissa por um novo sujeito, quer do seu predicado por um novo predicado, ou ainda pela substituição de ambos. Ora, a substituição de um termo por outro só pode justificar-se quando o termo que substitui representa apenas o que é representado no termo substituído.»
Domingo, 13 de Agosto de 2006
Peirce # 6
«Todo o raciocínio válido é dedutivo, indutivo ou hipotético.»
Examinemos de perto a hipótese e a indução.
Na indução, assume-se que todos os membros ou exemplares de uma classe ou agregado têm todos os caracteres que se conhecem serem comuns a alguns membros dessa classe; por outras palavras, assume-se que «é verdade da totalidade de uma colecção o que é verdade de um certo número de amostras que dela retirámos aleatoriamente». É um argumento estatístico.
Para Aristóteles, a indução infere a premissa maior de um silogismo a partir da sua premissa menor e da sua conclusão. Assim, substitui «um conjunto de objectos por um único que os inclua a eles e a um número indefinido de outros». É uma das formas de «redução da multiplicidade à unidade».
Uma hipótese pode definir-se como um argumento que procede de assumir que um carácter — que se sabe envolver uma série de outros — pode provavelmente predicar-se de qualquer objecto que tenha esses caracteres.
A hipótese infere assim a premissa menor a partir da conclusão e da premissa maior. A sua função consiste na «substituição de um certo número de predicados, não possuindo entre si qualquer unidade, por um único predicado» ou um número menor deles, que os une a todos, podendo eventualmente acompanhar-se de um número indefinido de outros. A hipótese é assim igualmente uma «redução da multiplicidade à unidade».