§ 656 Para que é que eu digo a uma pessoa que tive anteriormente este e aquele desejo?
— Vê o jogo de linguagem como aquilo que é primordial!
E considera as sensações, etc., como consideras
um ponto de vista, uma interpretação
de linguagem!
Poder-se-ia perguntar:
Como é que os homens evoluíram para produzir expressões verbais às quais chamamos «relato de um desejo passado»
ou de uma intenção passada?
§ 654 O nosso erro consiste em procurar uma explicação
onde devemos ver os factos como «o fenómeno primordial». Isto é, onde devíamos dizer: este jogo de linguagem joga-se.
§ 621 Mas não esquecemos qualquer coisa?
Se «ergo o meu braço», o meu braço ergue-se.
E o problema surge: o que é o resto que fica
se eu subtrair ao facto de que eu ergo o meu braço,
o facto de que o meu braço se ergue?
(São, então, as sensações cinestésicas o meu querer?)
§ 593 Uma causa principal de doença em Filosofia
é uma dieta unilateral: — uma pessoa
alimenta o seu pensamento apenas
com um género de exemplo.
§ 580 Uma expectativa está inserida numa situação,
da qual resulta. ( )
§ 569 A linguagem é um instrumento. Os conceitos da linguagem são instrumentos. ( ) § 570 Os conceitos levam-nos a fazer investigações. São a expressão do nosso interesse e guiam o nosso interesse.
§ 558-561 [«é» como cópula e como sinal de igual, =.]
I.F., II Parte, ii.3 As palavras «a rosa é vermelha» não fazem sentido quando a palavra «é» tem o sentido de «é igual a». Significa isto que quando tu pronuncias aquela frase e intencionas «é» como sinal de igualdade, o sentido se desintegra.
§ 560 «O sentido da palavra é
aquilo que a explicação do sentido explica.» ( )
o silêncio desce sobre todas as coisas
na casa tudo se transforma em letras (sombre)abertas simulando a palavra
muda.
e eu espero, imóvel, imersa numa inquietude branca e terna
que o crepúsculo me acenda os olhos e deixe no entre lábios um ardor, um
suave ardor,
concedendo à língua o desejo de queimar,
uma e outra vez,
sempre que te(me) penso, ou tão somente, desejo.
Ana de Sousa, Fragmentos-Livro I,
Intensidez, 2006, frg.153.
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