6.371
A concepção moderna do mundo fundamenta-se na ilusão de que as chamadas leis da natureza são a explicação dos fenómenos da natureza.
6.372
Hoje fica-se pelas leis da natureza como algo de intocável,
como os antigos ficavam diante de Deus e do Destino.
Ambos têm e não têm razão.
A ideia dos antigos era mais clara uma vez que reconheciam um limite claro,
enquanto que no novo sistema se tem que dar a aparência de estar tudo esclarecido.
6.363 O processo de indução consiste no facto de supormos válida a lei mais simples, a que se harmoniza com as nossas experiências.
6.3631 Mas a fundamentação deste processo não é lógica, é apenas psicológica. É óbvio que não existe qualquer razão para se acreditar que ocorrerá de facto o caso mais simples.
6.37 Não existe uma compulsão
que faça uma coisa ter de acontecer
pelo facto de outra ter acontecido.
Só existe necessidade lógica.
6.3431 Através de todo o aparelho lógico
as leis da Física falam dos objectos do mundo.
6.3432 Não devemos esquecer
que a descrição do mundo por meio da mecânica
possui uma completa generalidade.
Por exemplo,
nunca se consideram pontos materiais determinados,
mas antes arbitrários.
6.12 O facto de as proposições da Lógica serem tautologias mostra as propriedades formais - lógicas - da linguagem, do mundo. O facto de se obter uma tautologia por uma certa conexão das suas partes constituintes caracteriza a lógica das partes constituintes. A fim de que as proposições, com esta conexão produzam uma tautologia, exige-se que tenham certas propriedades de estrutura. Que, uma vez nesta conexão produzem uma tautologia, mostra que possuem estas propriedades de estrutura.
6.124 As proposições da Lógica descrevem as traves-mestras do mundo, ou melhor ainda, representam-nas. Não "tratam" de nada. Pressupõem que os nomes têm uma denotação e as proposições elementares um sentido - e é esta a sua ligação com o mundo. Que certas ligações dos símbolos - que essencialmente têm um certo carácter - são tautologias tem que revelar, claro, alguma coisa acerca do mundo. Eis o decisivo. Dissemos que, nos símbolos que usamos, algumas coisas são arbitrárias, outras não são. Na Lógica só exprimem estas: mas isto significa que na Lógica nós não exprimimos o que queremos por meio de símbolos, mas antes na Lógica a natureza dos símbolos necessários e naturais fala por si: se conhecemos a sintaxe lógica de uma linguagem simbólica então já temos todas as proposições da Lógica.
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