6 Relação entre os dois pares de realismo:
aristotélico (RA) / platónico (RP)
imanente (RI) / transcendente (RT)
Cada par destas teses é entre si, contraditório:
RA: Todos os universais têm necessariamente exemplos (universalia in rebus)
RP: Há universais que, possivelmente, não têm exemplo (universalia ante rem)
RT: Os universais não estão no espaço-tempo.
RI: Os universais estão no espaço-tempo.
Qual é a relação entre estes de distinções? Será que podemos agrupar RP e RT de um lado e RI e RA de outro?, caso em que estas distinções seriam co-extensionais? Será a mesma doutrina, descrita de duas maneiras: a da localização e a da exemplificação? A resposta é negativa.
Por um lado, o RA é uma consequência lógica do RI: se os universais existem necessariamente no mundo físico, então não há universais não exemplificados (incluindo contingentemente não exemplificados): RI ® RA
Equivalentemente, por contraposição, a doutrina do RT é uma consequência do RP: se há universais sem exemplos, então eles não podem estar no mundo físico. Isto dá:
RP ® RT.
[localização e-t ® exemplifcação U]
[não-exemplifcação U ® não-localização e-t]
Deste modo, pelo modus tollens, a negação da tese do RA é o RP, e a negação da tese do RT é o RI. Note-se, porém, que as teses conversas não obtêm. Isto é, do facto de uma propriedade universal U ser exemplificada por particulares concretos (tese do RA) não se segue forçosamente que haja de localizar-se no e-t (tese do RI); mutatis mutandis, do facto de as propriedades universais não estarem localizadas no e-t (tese do RT), não se segue necessariamente que não se exemplifiquem todos por particulares concretos (o que o RP não subscreve por considerar que ter exemplos não é uma condição necessária para que algo seja um universal).
Assim, o que em substância se pode concluir é que o RA dá a possibilidade de localizar os universais no mundo físico, enquanto o RP bloqueia essa possibilidade.
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